Cientistas da Amazônia apresentam carta com soluções ambientais à Janja e presidente da COP30 em Manaus
20/08/2025
(Foto: Reprodução) Carta com soluções para problemas ambientais na Amazônia foi entregue nesta quarta-feira (20) ao presidente da COP30 e primeira-dama da república Janja da Silva.
Lucas Macedo/g1 AM
Pesquisadores da Amazônia entregaram, nesta quarta-feira (20), uma carta estratégica ao presidente da COP30, André Corrêa de Lago, e à primeira-dama Janja da Silva. O documento foi apresentado durante um encontro na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Manaus.
📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp
A carta, elaborada desde terça-feira (19) por mais de 70 instituições acadêmicas, centros de pesquisa e representantes da sociedade civil, destaca soluções concretas e adaptadas à realidade amazônica, reforçando a necessidade de investimentos estruturantes em ciência, tecnologia e inovação.
“A floresta viva é a floresta viva com os povos da floresta. Queremos desenvolver programas e pesquisas científicas que levem dignidade entre as florestas”, disse Janja.
O 'Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP30', realizado com apoio da Presidência da República, contou com a participação de mais de 200 representantes e teve como foco alinhar a vasta produção de conhecimento da Amazônia com os 30 objetivos da Agenda de Ação da COP30.
"Pela primeira vez, não é o mundo falando da Amazônia, é a Amazônia falando com o mundo e sugerindo os passos que a humanidade precisa dar", disse Márcio Macêdo, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República.
🌳A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) será realizada em 2025, em Belém (PA) e é considerada uma oportunidade histórica para consolidar a centralidade da Amazônia no debate climático internacional.
Amazonas prepara agenda com projetos de bioeconomia, conservação e sustentabilidade para COP30
Em Manaus, economistas apresentam documento com soluções para economia sustentável
COP30 - Qual gás do efeito estufa é o maior vilão do clima?
O que diz a carta
Segundo o documento, a Amazônia Legal tem 405 instituições de ensino e mais de 655 cursos de pós-graduação. Cerca de 100 mil profissionais são formados por ano, mas muitos enfrentam dificuldades para atuar em áreas sustentáveis. Os autores defendem que é preciso alinhar educação, inovação e políticas públicas com urgência.
As soluções listadas foram construídas com base em seis eixos temáticos da COP30:
Transição energética
Gestão de florestas e biodiversidade
Transformação da agricultura
Resiliência urbana e hídrica
Desenvolvimento humano
Objetivos transversais, como financiamento climático, bioeconomia e inovação tecnológica
No eixo da transição energética, as instituições amazônicas destacam projetos com energia solar, biomassa, hidrogênio verde e microgeração descentralizada para comunidades isoladas.
Na gestão ambiental, são mencionados programas de restauração florestal, combate ao desmatamento e tecnologias para manejo sustentável com envolvimento de comunidades indígenas.
As propostas para a agricultura envolvem sistemas agroflorestais, segurança alimentar e valorização de produtos da sociobiodiversidade.
Já no eixo urbano, as soluções apontam para arquitetura bioclimática, infraestrutura verde, gestão integrada das águas e mobilidade sustentável com foco regional.
A área da saúde propõe a adaptação dos sistemas às mudanças climáticas, com vigilância epidemiológica integrada a dados ambientais. Também há foco em formação profissional para empregos verdes, valorização de culturas tradicionais e promoção da bioeconomia por meio de inovação e empreendedorismo.
A carta também aponta obstáculos como falta de orçamento, logística precária, entraves legais e pouca valorização dos saberes tradicionais. Como resposta, propõe soluções como:
Investimento contínuo em ciência e tecnologia
Modernização de laboratórios e centros de dados
Financiamento à bioeconomia e agroecologia
Qualificação de recursos humanos
Cooperação internacional e valorização dos conhecimentos locais
A carta reafirma que a Amazônia é protagonista na luta global contra as mudanças climáticas e defende que a implementação da política climática brasileira deve ser liderada por suas populações e instituições. A contribuição foi entregue à presidência da COP30, ao governo federal e às representantes da Amazônia no comitê científico da conferência.
“A ciência amazônica está pronta para acelerar a implementação do Acordo de Paris e garantir justiça climática para as populações da floresta, das águas e das cidades”, conclui o documento.
Encontro entre pesquisadores, presidente da COP30 e primeira-dama da república aconteceu em Manaus.
Lucas Macedo/g1 AM
COP30: Amazonas prepara agenda com projetos de bioeconomia, conservação e sustentabilidade